– Hoje, ao som de Coldplay, senti saudades. Não sei se foi saudade de você ou do que você me proporcionou.
Comecei a me lembrar daquela época, onde a minha alegria era te ver nem que fosse de longe; me aproximar mesmo sem ter o que dizer; te ligar apenas pra poder escutar sua voz por mais tempo.
– O que aconteceu desde aquele tempo até hoje?
– Não sei ao certo. De repente me convenci de que precisava te esquecer, de que não podia continuar sentindo essas coisas por você.
– O motivo?
– Também não sei explicar. Numa hora você era tudo que eu sempre quis, na outra você era tudo que eu nunca poderia ter.
– O que aconteceu depois?
– Eu me iludi, não sei por que, mas me entreguei a uma ilusão que eu mesmo havia criado. Experimentei os mais diversos sentimentos, tanto bons quanto ruins, todos eram fortes, intensos, pareciam me consumir por inteiro, eu vivia apenas para eles e eles me conduziam cada vez mais fundo na minha ilusão.
– Por que dessa ilusão?
– Apenas aconteceu. Mesmo assim ainda podia me lembrar de você. E era esse meu consolo nas noites escuras e solitárias.
– Como assim consolo?
– A lembrança de que num outro mundo, num outro tempo eu vivenciei algo mais simples, prazeroso e tão intenso me dava forças pra continuar esse caminho diferente.
– Diferente, como assim?
– Eu experimentava tudo que podia sem medo. Queria apenas uma coisa: Conhecimento. Era tudo que restara depois de te abandonar.
– E onde Coldplay entra nisso?
– Você me ensinou a gostar deles, então, me lembrei de ti, dos sentimentos que tinha perto de você, de tudo que vivenciei depois e agora eu me pergunto o que realmente importa? A Pessoa ou aquilo que ela nos propicia? Acaso não foi tudo puro egoísmo da minha parte?
– ESQUECE!
– Só queria dizer que serei sempre grato a você, mesmo não sabendo se é por você ou pelo que você me proporcionou.
– Está bem. Mas pára de me ligar pra falar esse tipo de coisa. Pára de me ligar pra falar qualquer coisa.
“Por quê?” – penso eu, mas minha boca se abre e as palavras que me ouço falar são: – Tudo bem.
– Tchau então.
– Tchau...
TUTUTUTU...
– Você desligou na minha cara!
Risadas...
– Eu sei, é que você não acredita naquelas coisas que estava me falando e eu quero aproveitar mais meu tempo do que ficar falando no telefone contigo...
– Tem razão, eu não acredito mesmo...
– Vamos! A gente conversa no caminho....