domingo, 22 de julho de 2007

Saudades

– Hoje, ao som de Coldplay, senti saudades. Não sei se foi saudade de você ou do que você me proporcionou.

Comecei a me lembrar daquela época, onde a minha alegria era te ver nem que fosse de longe; me aproximar mesmo sem ter o que dizer; te ligar apenas pra poder escutar sua voz por mais tempo.

– O que aconteceu desde aquele tempo até hoje?

– Não sei ao certo. De repente me convenci de que precisava te esquecer, de que não podia continuar sentindo essas coisas por você.

– O motivo?

– Também não sei explicar. Numa hora você era tudo que eu sempre quis, na outra você era tudo que eu nunca poderia ter.

– O que aconteceu depois?

– Eu me iludi, não sei por que, mas me entreguei a uma ilusão que eu mesmo havia criado. Experimentei os mais diversos sentimentos, tanto bons quanto ruins, todos eram fortes, intensos, pareciam me consumir por inteiro, eu vivia apenas para eles e eles me conduziam cada vez mais fundo na minha ilusão.

– Por que dessa ilusão?

– Apenas aconteceu. Mesmo assim ainda podia me lembrar de você. E era esse meu consolo nas noites escuras e solitárias.

– Como assim consolo?

– A lembrança de que num outro mundo, num outro tempo eu vivenciei algo mais simples, prazeroso e tão intenso me dava forças pra continuar esse caminho diferente.

– Diferente, como assim?

– Eu experimentava tudo que podia sem medo. Queria apenas uma coisa: Conhecimento. Era tudo que restara depois de te abandonar.

– E onde Coldplay entra nisso?

– Você me ensinou a gostar deles, então, me lembrei de ti, dos sentimentos que tinha perto de você, de tudo que vivenciei depois e agora eu me pergunto o que realmente importa? A Pessoa ou aquilo que ela nos propicia? Acaso não foi tudo puro egoísmo da minha parte?

– ESQUECE!

– Só queria dizer que serei sempre grato a você, mesmo não sabendo se é por você ou pelo que você me proporcionou.

– Está bem. Mas pára de me ligar pra falar esse tipo de coisa. Pára de me ligar pra falar qualquer coisa.

“Por quê?” – penso eu, mas minha boca se abre e as palavras que me ouço falar são: – Tudo bem.

– Tchau então.

– Tchau...

TUTUTUTU...

– Você desligou na minha cara!

Risadas...

– Eu sei, é que você não acredita naquelas coisas que estava me falando e eu quero aproveitar mais meu tempo do que ficar falando no telefone contigo...

– Tem razão, eu não acredito mesmo...

– Vamos! A gente conversa no caminho....

ESPERANÇA

Já faz uma semana que ela morreu, e eu nem mesmo consegui chorar sua morte? Ela sempre ia embora quando as melhores coisas aconteciam, antecedeu cada uma delas, mas não participou de nenhuma, mesmo assim eu a adorava. Agora que se foi não sei o que será de mim, será que coisas boas ainda me acometerão? Ou será que estou destinado a sofrer? Não posso mais saber o futuro, só me restou o ‘agora’, que me faz sofrer, e o ‘antes’, que me traz lamentações.

Oh, céus! Por que você se foi? Por que não consigo fazer nada além de lamentar sua morte com estas vãs palavras? Justo você que sempre me animou, encorajou e me deu forças.