segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Talvez seja algo novo, talvez não...




No mesmo lugar de sempre, a escadaria perto da entrada da escola, o nosso protagonista estava sentado, olhando para o chão e tentando imaginar como seria se aquilo que escutou antes de sair de casa fosse verdade. Até que alguém chega.

- Hi!

- Oi, como você está?

- Ah, eu estou bem e você?

- Eu não sei. É que meu pai disse que daqui a algumas gerações os seres humanos terão evoluído.

- Está bem, mas o que isso tem de mais? Não é só a evolução natural de que a professora comentou na última aula?

- É que ele falou um exemplo de evolução e isso me deixou pensativo... ele disse que essa evolução será mais mental.

A garota olha pra ele como se não acreditasse no que acabou de escutar e começa a rir. E num tom irônico pergunta:

- Então, ele disse que as pessoas serão capazes de mover objetos com o poder da mente?

- É, e também de atravessar paredes.

Ela não consegue se agüentar, não pode acreditar que está escutando uma coisa dessas do seu melhor amigo, ou pelo menos o mais sensato até aquele momento.

Essa simples frase, a deixou paralisada por alguns segundos, ela não poderia nunca se conformar com aquilo que escutara, então num misto de revolta e compaixão ela diz:

- E você acreditou? Por favor, isso só acontece em ficção científica. É besteira, é como acreditar em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e tantas outras coisas.

Por um momento nosso protagonista tira os olhos das pequenas pedras que formam o chão que tantas vezes lhe ajudou a pensar, olha para a garota, a mesma que sempre considerou inteligente, revolucionária, capaz de compreendê-lo e de saber como ele pensa. Busca aquele ar de brincadeira, de quem fala essas coisas apenas por falar, porque no fundo sabe que a pessoa a quem se refere já considerou tudo isso antes, mas só consegue ver uma expressão séria de incredulidade; desapontado baixa de novo a cabeça e do modo mais frio e seco que encontrou naquele momento ele fala:

- É eu pensei nisso, só que ele me disse mais. Ele disse que no século XV quando era impossível imaginar que o homem poderia voar, alguém imaginou. E que muito tempo depois de algumas pessoas dizerem que o homem chegaria na Lua e muitas outras zombarem dessas pessoas, o homem chegou. Disse ainda que muitas coisas que eram impossíveis de se imaginar no século dezenove se tornaram reais no século vinte, como os micro-chips, computadores que podiam fazer muito mais do que cálculos e outras coisas que hoje fazem parte senão do nosso cotidiano, pelo menos do cotidiano de muitas pessoas.

O silêncio pairou no ar, ela ainda inconformada buscava argumentos para retrucar, ele com a cabeça baixa voltava a imaginar um mundo onde a mente poderia fazer as mesmas ou até mesmo mais coisas do que o nosso corpo é capaz de fazer hoje em dia. Pensava no quanto a física evoluíra e no que isso poderia significar para nós, ou melhor, para aqueles que viriam depois de nós, já que supostamente seria ela quem revelaria os novos limites do ser humano.